quarta-feira, 4 de março de 2009

PROGRAMA DO CURSO

PROGRAMA LITERATURA BRASILEIRA III – O Romantismo no Brasil
Prof. Hélio de Seixas Guimarães, DLCV/FFLCH/USP, 1 semestre de 2009

Descrição e objetivos
O curso apresenta uma visão geral do romantismo no Brasil, com ênfase na prosa de ficção e no estudo das condições ideológicas e materiais para implementação de um projeto literário no Brasil no século 19. Para isso, está dividido em duas partes:
A primeira parte trata de questões gerais do romantismo no Brasil e de sua filiação a temas e formas importadas das matrizes européias. A leitura e análise de prefácios, manifestos e fragmentos de textos produzidos por escritores e figuras-chave do movimento fora e dentro do Brasil darão instrumentos para se compreender os principais aspectos da estética romântica, identificar especificidades locais, analisar e interpretar textos ficcionais do período.
A segunda parte do curso trata das principais manifestações do romantismo no Brasil – nacionalismo e indianismo, regionalismo, poesia social e escravidão – a partir da análise de textos ficcionais e poemas dos principais prosadores (Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Taunay) e poetas (Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves).
Para a leitura desses textos, o curso propõe duas diretrizes interpretativas: a primeira, centrada na questão do nacionalismo literário, trata da representação problemática do índio e do negro por uma produção literária que procura definir as bases e os mitos da nacionalidade. A outra linha de interpretação, centrada na questão dos gêneros literários, sobretudo do romance, analisa o impacto das condições de produção, circulação e recepção do texto literário no Brasil oitocentista sobre a fatura dos textos de ficção produzidos no romantismo.

Metodologia
Aulas expositivas; discussões de textos lidos fora do horário de aula; leitura e análise de textos em sala.

Critérios de avaliação
Uma prova, contemplando matéria lecionada na primeira parte do curso, e um trabalho de aproveitamento sobre obra ou autor estudado na segunda parte. A prova será no dia 17/4 (sexta-feira). O trabalho deverá ser entregue em 26/6 (sexta-feira). A prova representará 40% da nota final; o trabalho, 60%. Alterações de datas podem ser feitas em função do andamento do curso.

BIBLIOGRAFIA GERAL
ALENCAR, José de. “Como e por que sou romancista”. Prefácio a O Guarani. Rio de Janeiro: José Olympio, 1953, pp. 49-74.
_______ “Bênção Paterna”. Prefácio a Sonhos d’Ouro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1953, pp. 29-37.
AMORA, Antônio Soares. A literatatura brasileira, vol. II, O Romantismo. São Paulo: Cultrix, 1977.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3a. ed. São Paulo: Cultrix, 1982.
_______ “Um mito sacrificial: o indianismo de Alencar” e “A escravidão entre dois liberalismos”. In: ______ Dialética da
colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
BROCA, Brito. Românticos, pré-românticos e ultra-românticos. São Paulo, Polis/INL/MEC, 1979.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira (Momentos decisivos). 3a ed. 2o. volume (1836-1880). São Paulo:
Martins, 1969.
_______ O romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2002.
CASTELLO, José Aderaldo. Textos que interessam à história do Romantismo. Vols. I e II. São Paulo: Conselho Estadual de
Cultura/Comissão de Literatura, 1961 e 1963.
CESAR, Guilhermino (sel. e apres.). Historiadores e críticos do romantismo – 1: a contribuição européia, crítica e história
literária. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1978.
COUTINHO, Afrânio (dir.) A literatura no Brasil, vol. 3, Era romântica. 6a. ed. São Paulo: Global, 2002.
GUINSBURG, J. (org.). O Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 1978.
HOLLANDA, Aurélio Buarque de (coord.) O romance brasileiro (De 1752 a 1930). Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1955.
LOBO, Luiza (org.) Teorias poéticas do romantismo. Rio de Janeiro: UFRJ; Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987.
LOPES, Hélio. Letras de Minas e outros ensaios. São Paulo, Edusp, 1997.
RONCARI, Luiz. Literatura brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos românticos. São Paulo: Edusp, 1995.
SCHWARZ, Roberto. “A importação do romance e suas contradições em Alencar”. In: _____ Ao vencedor as batatas – forma
literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. 4a. ed. São Paulo: Duas Cidades, 1992.
SUSSEKIND, Flora. Papéis colados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2002.
TREECE, David. Exilados, aliados, rebeldes. O movimento indianista, a política indigenista e o Estado-nação imperial. São
Paulo: Nankin/Edusp, 2008.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES NO BLOG DO CURSO: http://lb32009.blogspot.com


Roteiro de leituras

1. Introdução ao romantismo
ROSENFELD, A.; GUINSBURG, J. “Romantismo e Classicismo”. In: GUINSBURG, J. O romantismo, op. cit., pp. 261-274.
HUGO, Victor. Do grotesco e do sublime. Trad., prefácio e notas de Célia Berretini. São Paulo: Perspectiva, 1988. (Elos, 5).
SCHLEGEL, Friedrich. Fragmento [116] do Athenaeum (1798). In: SCHLEGEL, Friedrich. O dialeto dos fragmentos. Tradução, apresentação e notas de Márcio Suzuki. São Paulo, Iluminuras, 1997, pp. 64-65.
HOBSBAWM, Eric. “As artes”. In: _____ A era das revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977, pp. 352-382.

2. Os inícios do romantismo no Brasil: definições de temas e gêneros
CANDIDO, Antonio. O romantismo no Brasil, op. cit. [livro todo]
DENIS, Ferdinand. “Considerações gerais sobre o caráter que a poesia deve assumir no Novo Mundo.” In: Resumo da história literária do Brasil. Extraído de CÉSAR, Guilhermino (org.). Historiadores e críticos do Romantismo – A contribuição européia: crítica e história literária, op. cit., pp. 27-41.
“Ao leitor”, apresentação da Niterói – Revista brasiliense, 1836, e “Ensaio sobre a história da literatura do Brasil”. Edição fac-similar publicada pela Academia Paulista de Letras, 1978.
MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves de. “Lede”, prefácio a Suspiros Poéticos e Saudades. 3a. ed. Rio de Janeiro: Livraria de B.L. Garnier, 1865. In: Grandes poetas românticos do Brasil. São Paulo: Edições LEP, 1949.
Canções do exílio de Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Oswald de Andrade e Drummond [folha avulsa]
SÜSSEKIND, Flora. “Brito Broca e o tema da volta à casa no Romantismo”. In: ______ Papéis colados, op. cit., pp.101-124.
MERQUIOR, J. G. “O poema do lá”. In: _________ Razão do poema. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965, pp. 41-50.

3. A prosa romântica: o romance e o projeto literário de Alencar
“Como e por que sou romancista” e “Bênção paterna”, de José de Alencar.
CANDIDO, A. “Um instrumento de descoberta e interpretação”. In: Formação da literatura brasileira, op. cit., pp. 109-118.
SCHWARZ, Roberto. “A importação do romance e suas contradições em Alencar”. In: _____ Ao vencedor as batatas – forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro, op. cit., pp. 33-79.
ALENCAR, Heron. “José de Alencar e a ficção romântica”. In: COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. vol 3, Era romântica, op. cit., pp. 231-322.

4. Nacionalismo e indianismo
Iracema, de José de Alencar; seleção de poemas de Gonçalves Dias [folha avulsa].
ASSIS, Machado. “José de Alencar: Iracema”. In: __________. Obra completa, em três volumes. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1997, vol. 3, pp. 848-852.
BOSI, Alfredo. “Um mito sacrificial: o indianismo de Alencar”. In: ______ Dialética da colonização, op. cit., pp. 176-193.
MONTENEGRO, BRAGA. “Iracema – um século”. Prefácio à edição comemorativa do centenário. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1965.
PROENÇA, M. Cavalcanti. “Iracema” e “Transforma-se o amador na cousa amada”. In: ____________ Estudos literários. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.
TREECE, David. Exilados, aliados, rebeldes, op. cit.

5. Romantismo e escravidão
“Simeão o crioulo”, de Joaquim Manuel de Macedo; “Uma história de quilombolas”, de Bernardo Guimarães; “Bandido negro”, de Castro Alves.
ALENCASTRO, Luis Felipe de. “Vida privada e ordem privada no Império”. In: História da vida privada no Brasil. Império: a corte e a modernidade nacional. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, pp. 12-93.
LOPES, Hélio. “Um romance-libelo”. In: _________ Letras de Minas e outros ensaios, op. cit., pp. 201-208.
MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas-algozes – quadros da escravidão. São Paulo: Scipione; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1991.
NAVES, Rodrigo. “Debret, o neoclassicismo e a escravidão”. In: A forma difícil. São Paulo: Ática, 1996.
SÜSSEKIND, Flora. “As vítimas-algozes e o imaginário do medo”. In: MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas-algozes – quadros da escravidão, op. cit., pp. XXI-XXXVIII.

6. Romantismo e regionalismo
Inocência, de Taunay.
BOSI, Alfredo. “Sertanistas. Bernardo Guimarães, Taunay, Távora”. In: _______ História concisa da literatura brasileira. 3a. ed. São Paulo: Cultrix, 1982, pp. 155-163.
PEREIRA, Lúcia Miguel. “Três romances regionalistas: Franklin Távora, Taunay e Domingos Olímpio”. In: HOLLANDA, Aurélio Buarque de (coord.) O romance brasileiro (De 1752 a 1930). Op. cit. p. 103-114.

7. Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
ALMEIDA, Manoel Antonio. Memórias de um sargento de milícias. Edição crítica de Cecília de Lara. Rio de Janeiro: Livros técnicos e científicos, 1978.
CANDIDO, Antonio. “Dialética da malandragem (Caracterização das Memórias de um sargento de Milícias)”. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 8, USP, 1970, pp. 67-89.